06/08/2009

Gilberto Rodrigues

Parceiro de longa data. Dividimos o palco em “Krapp”, adaptação do espetáculo de Samuel Becket para a formatura da minha turma do Teatro Universitário, direção de Silvana Stein, em 2003. Além disso, já tínhamos cantado na mesma banda, uma banda formada só por atores chamada ConTUdojunto, também da época do TU. Claro que nos divertíamos mais do que cantávamos de fato. Com exceção do Gilberto, que sempre teve uma voz enorme, de alcances incríveis. Não foram poucas as vezes que escutamos o Gil fazendo exercícios vocais incríves, na escola, nas viagens, antes dos shows... E foram muitas as vezes que gritamos: Giiiil, pelamordedeus!!! Dá um tempo! Os exercícios eram enormes, não acabavam nunca! E o volume!

Mas ainda bem que ele não parou. Podem conferir!

Aí o vídeo da gente cantando juntos, sem ensaio, Como Dois e Dois de Caetano. Show no dia 30/07/2009, Estúdio B, meu aniversário.


05/08/2009

Letícia Reis

Uma voz poderosa, negra, quente, grande, densa, cheia. Uma voz bem de acordo com o corpo que a carrega, cheio de curvas generosíssimas.

Tive o privilégio de conhecer essa voz já há alguns anos e a partir de então, em qualquer lugar que estivermos, fazemos questão de dividir o palco. O imenso prazer que temos de cantar é o que nos leva a essa generosidade de um com o outro.

Não pare nunca de cantar, Letícia Reis.
E não parem de ouvi-la!

Neste vídeo gravado no show do dia 30/07/2009 (meu aniversário no Estudio B), improvisamos Sorriso Negro (Dona Ivone Lara) e Brilho de Beleza (Negro Tenga), além de Madagascar Olodum e Uma História de Ifá.



07/07/2009

Quem é esse rapaz?

Hoje aconteceu.
Perla se encontra com Marina Lima, embaladas pelo som do Barulhista.

E por falar em som, e encontros, vai aí uma foto, do nosso primeiro encontro profissional, em 2005.


20/06/2009

Sobre Perla, a paraguaia.

A apóstrofe se faz necessária. Não dá pra separar Perla e sua obra de sua nacionalidade.

A cantora paraguaia despontou na década de 70 com grandes sucessos populares e versões de músicas do pop internacional, vertidos ora para o português, ora para castellano, o espanhol ou o guarani. Dona de uma voz poderosa, de tons graves e quentes, Perla sempre foi uma artista popular, no melhor sentido da palavra. Me lembro quando criança, de vê-la em programas da tarde, que tocavam música romântica e sertaneja, como o Clube do Bolinha. Sempre estive muito interessado em sua obra e agora começo a pesquisá-la com mais afinco.

Ouvir suas gravações da década de 70 e início de 80, época de ouro da sua discografia, desperta em mim uma ternura imensa, por conta da forma das canções, da forma de cantar e da objetividade crua das letras. Do ponto de vista melódico e harmônico, uma simplicidade incrível, que resulta em arranjos absurdamente dançantes, brilhantes, cheios de glitter. Mesmo em arranjos um pouquinho mais ousados, com dobras de andamento (como é o caso de Estrada do Sol), o que impera é a vontade de fazer dançar, de fazer curtir. Devo confessar que estou sendo absolutamente parcial nesse sentido, por não gostar nem um pouco do rumo que toma a música de pista atual.

A música de Perla me interessa verdadeiramente, porque me interessa o que é verdadeiramente popular. O que é escutado ainda hoje em rádios AM.

O que isso tudo tem a ver com o Bruta Flor? O meu gosto pela música popular e a vontade de ver onde vai dar essa mistura com o contemporâneo.




Recomendo algumas gravações, a quem interessar possa...

Do primeiro disco, de 1972, os clássicos Impossible creer que te perdi,e Abandono. Arranjos cheios de cordas e sopros. Lindo.

A partir de 1975, Perla começa a gravar em português. Desse disco, recomendo as deliciosas Por este amor eu darei a vida (com arranjo de metais bem à moda Evaldo Braga), Brindo por ti e por mim, a já citada Estrada do sol (que também foi trilha do filme ‘Domésticas’ de Fernando Meirelles) e a deliciosa versão do pop italiano Rumores (que dá um sampler lindo pra qualquer um que queira explodir uma pista).

De 1976, as duas versões do grupo sueco ABBA, Hasta mañana, e Fernando abrem o disco. Muito bom ouvir Perla cantando ABBA, com versões de letras que nem sempre seguem as originais. ABBA já é deliciosamente cafona por si só. Cantado em português por uma cantora com sotaque paraguaio, fica irresistível.

O disco de 1977 traz outra versão de ABBA, Recordar é viver e o sucesso de Peninha, Sonhos. Mas a grande pérola é Eu sei tudo, professor (Yes Sr. I can boggie), versão do duo feminino espanhol Baccara. Está entre as minhas preferidas. Perla segue bem o estilo sexy-inocente do duo espanhol, mas sua voz mais quente fatalmente imprime mais sensualidade à canção, cheia de elementos disco no arranjo, um clássico.

Em 1978, Rios da Babilônia puxa o disco. Outra versão bem bacana do ABBA, Sonho que sou uma águia. Assim como no disco de 1979, com Pequenin’. Uma amiga diz que foi a um show de Perla nessa época e antes que pudesse perceber, já estava com outras crianças no palco em volta de Perla enquanto esta cantava Pequenina... Nesse disco ainda há Cuba e O amor está no ar (Love is in the air), Não pare a música (Don’t stop the music) e Você chegou para ficar (I Will survive). Uma delícia.

Bacaníssimas ainda são as gravações de clássicos da música latinoamericana, como Índia (que Perla só veio gravar em 1981), Anahí, El dia que me quieras, Malagueña, La Barca, Esta tarde vi llover, Sabras que te quiero, Recuerdos de Ypacaray, Cucurucu Paloma, Cuando calienta el sol...

Abram os ouvidos!

16/06/2009

Da ausência!

O blog ficou sem posts por alguns dias por causa da nossa correria com outros shows. Estivemos em Lavras Novas e também ensaiando um show especial, com as músicas de Chico Buarque, feitas para cinema e teatro. Grande experiência, conjugar as canções de Chico com os sons e timbres eletrônicos, além de um violão econômico e representação idem.
Pela primeira vez trabalhamos com a formação que queríamos. Computador, violão e voz. Acredito muito que o resultado foi bem satisfatório, apesar do pouco tempo de ensaio e complexidade do repertório. Ponto pros meninos!

03/06/2009

Das influências e pesquisas.

Há algum tempo pesquiso música brasileira. Sempre foi meu principal interesse. Lembro de começar a entender sobre isso quando ouvi maravilhado ‘Verde, anil, amarelo, cor de rosa e carvão’, disco excepcional de Marisa Monte, lançado em 94. A partir daí, fui em busca de outros discos que tinham a ver com aquele. Como num jogo de links, foram me aparecendo os discos da década de 70 de Gal ( e me emociona ainda hoje ouvir Fa-tal, Cantar e Caras e Bocas), Caetano e Gil. Muito antes disso, me lembro de meu pai ouvindo uma fita cassete de ‘A ópera do malandro’, de Chico. Obviamente, nos meus 11 anos, eu achava aquilo horrível, e tinha que achar pois não era o que eu e meus coleguinhas de escola ouvíamos no rádio. Mas mesmo achando horrível, ou tendo que achar, aquilo me atraía de certa forma. Acabou sendo meu primeiro contato com a música brasileira, da forma como fui entendê-la a partir de Marisa.
Pesquisando e ouvindo exaustivamente o Tropicalismo, fui parar nos cantores de rádio. Descobri Dalva de Oliveira. Sua obra e sua vida me enlouquecem. A partir dela, Ângela Maria e Elis. E todos os outros. Música brasileira virou um vício.
Passei pelo rock, pela bossa nova (que nunca me atraiu muito, à exceção dos venerados João Gilberto, Nara Leão e Tom Jobim), pelo clube da esquina, pela vanguarda paulistana, pelo mangue beat, pelos nordestinos herdeiros de Gonzaga, pelo samba, pagode e pela nova mpb.
Me interessa hoje continuar ouvindo todos os já citados e ainda pesquisar os artistas populares, como Amado Batista, Roberta Miranda, Vanusa, Wanderléia, Perla (que é paraguaia, mas canta deliciosamente em português), Jessé. E os novos dessa mesma turma. Stéphany, Calcinha Preta, Calypso...
Você deve estar pensando: como alguém que começa um post falando de Marisa, Caetano e Dalva, pode terminar em Calypso? É exatamente isso que vou tentar explicar mais pra frente. Sem atropelamentos e sem desespero. E sabendo que música não tem limites.

PS. Continuo achando Gal a maior cantora do mundo. E Marisa o que apareceu de melhor na mpb nos últimos 20 anos, depois da morte de Cássia.
Marina Lima é algo que não cabe em um post só. Depois explico o porque, claro.
Na mesma medida, Perla merece um posto só pra ela.

02/06/2009

Bruta Flor 2

Sempre que posso tento visitar o reino das misturas. Agora fui convidado a permanecer num desses reinos, no caso de Bruta Flor, algo próximo de uma conversa entre Perla e Stockhausen ou um abraço entre Amado Batista e John Cage. É fabuloso esse encontro de duas vertentes que estão tão próximas, num sentido estético-sonoro, que não as imaginamos juntas.

O convite de Marcelo para minha participação nesse processo não só me deixou feliz, como também me mostrou uma série de possibilidades que só as misturas são capazes de ter. Espero contribuir para esse processo com a mesma intensidade que os sons contribuem para a organização de minhas idéias.

Bruta Flor é um Gentil Espinho !